Os motores diesel são uma ótima pedida na Europa para automóveis, com números impressionantes de (baixo) consumo. No Velho Continente, esse tipo de motor evoluiu ao ponto de se tornar mais limpo que os movidos a gasolina e com uma performance que não deixa nada a desejar. Os últimos carros vencedores da clássica corrida 24 Horas de Le Mans, por exemplo, foram modelos Audi equipados com propulsores turbodiesel.
O avanço dos motores diesel também despertou o interesse da Airbus Helicopters, que desde 2010 vem desenvolvendo um helicóptero com motorização diesel. Passado todo esse tempo, o primeiro protótipo está pronto para voar: a fabricante vai iniciar o programa de testes de voo com o aparelho a partir de novembro. Já o lançamento comercial é previsto para 2017.
O helicóptero diesel da Airbus é um EC-120 ‘Colibri’ modificado. Segundo as primeiras experiências da fabricante, o aparelho é promissor: é esperado uma redução de até 40% no consumo de combustível e emissões, além de diminuir em 30% os custos de manutenção comparado ao Colibri convencional, equipado com um turbina de 505 cavalos de potência.
A fabricante também espera dobrar a autonomia do helicóptero com a troca de motor, podendo passar dos 1.000 km com apenas um tanque de diesel.
Helicóptero diesel
O principal desafio para utilizar o motor diesel em um helicóptero, como explicou a Airbus, foi o peso. Esse tipo de motorização, cuja combustão é realizada por pressão, tem de ser muito resistente e por isso é mais pesado que uma turbina ou um propulsor a gasolina.
O motor utilizado no Colibri é um V8 turbodiesel “envenenado”. Para ajudar no desenvolvimento, a Airbus convidou a TEOS Powertrain Engeneering, empresa especializada em desenvolver motores para carros de corrida de longa duração. A TEOS colaborou no desenvolvimento do motor diesel usado no Peugeot 908, campeão de Le Mans de 2009.
Para atingir alta performance e conseguir alçar voo, o motor diesel do helicóptero da Airbus tem os mesmos recursos de última geração utilizado em automóveis. O principal deles é o turbocompressor, que empurra mais ar para mistura com diesel, e o sistema common-rail, que injeta o combustível na câmara de combustão de forma computadorizada. Esses componentes ajudam a elevar a potência sem comprometer o consumo de combustível.
De acordo as primeiras informações da Airbus, o motor diesel do Colibri rende cerca de 440 cv, cavalaria inferior ao da versão com turbina. Os ganhos em outras áreas, como redução de consumo e custos e aumento da autonomia, podem compensar a redução no desempenho.
A estrutura do helicóptero e as carenagens também são mais leves comparadas as do modelos convencional. Para reduzir o peso total do aparelho, a Airbus utilizou um alumínio ainda mais leve (e caro) na construção do projeto.
O helicóptero diesel é um dos projetos do programa Clean Sky, liderado pela Airbus em conjunto com outras empresas europeias da área da aviação. O objetivo da grupo é desenvolver novas tecnologias para reduzir o consumo de combustível do setor e encontrar novas soluções para aeroportos sustentáveis e formas de reduzir os índices de ruído.